SÃO PAULO. O diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), José Rogério Cruz e Tucci, decidiu não abrir sindicância para apurar as circunstâncias do incidente envolvendo o professor de direito administrativo, Eduardo Gualazzi, alunos e ex-militantes de esquerda em aula do último dia 31.
Na ocasião, o professor apresentou em aula texto elogioso ao golpe de 1964, motivando o interrompimento da classe por parte de jovens e ex-presos políticos, que protestaram contra seu posicionamento. Estudantes gravaram o episódio e publicaram na internet vídeo que já teve mais de 100 mil visualizações.
Nesta quarta-feira, Tucci se reuniu com o professor da Universidade e decidiu não abrir procedimento ou recomendar qualquer tipo de punição para o dirigente ou alunos que interromperam a aula.
– Houve excesso de todos os lados, uma falta de prudência de ambos. Mas, como diretor da escola, não posso reprimir o direito de expressão do professor, apesar do tom de sua aula. Essa exaltação não é punível – disse o diretor da universidade.
Embora também não tenha concordado com a forma escolhida pelos alunos e grupos contra a ditadura para protestar, Tucci disse que não poderia responsabilizá-los, porque teriam agido de forma reativa ao comportamento do professor.
– Foi uma reação, ninguém deve ser punido por isso. Eu teria feito de outra forma, pelas palavras. Teria tratado o assunto com argumentação, e não pela força. As coisas precisam ser resolvidas pelo diálogo – disse o dirigente.
A aula polêmica ocorreu na última segunda-feira, data em que o golpe militar completou 50 anos. Quando iniciou a leitura de discurso de apoio à iniciativa, alunos e militantes começaram a fazer barulho do lado de fora da sala, simulando sons de tortura da época da ditadura.
Em seguida, entraram em sala encapuzados e cantando a música “Opinião”, um hino contra o regime militar, do compositor Zé Ketti. O professor retirou o capuz de uma universitária e tentou segurar outro aluno. Depois, deixou a sala de aula.
Fonte: O Globo
