Mãe pretende denunciar morte de dançarino DG à Anistia Internacional

dg-morteRIO – A mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, de 26 anos, o DG, encontrado morto no Pavão-Pavãozinho na segunda-feira, voltou a criticar a ação dos policiais na comunidade da Zona Sul do Rio. Durante o velório de DG no Cemitério São João Batista, Maria de Fátima Silva disse ainda que pretende viajar em breve para denunciar a morte do filho à Anista Internacional.

– Não vou deixar a morte do meu filho cair no esquecimento. Agradeço muito aos moradores da comunidade. Se não fosse o grito deles, meu filho iria para um saco de lixo e seria queimado na Baixada Fluminense. Meu filho não morava no Pavãozinho, mas dizia que ‘lá era o meu morro’.

Bastante revoltada, ela voltou a afirma que o dançarino foi torturado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), e afirmou ainda que a intenção dos PMs era “sumir com o corpo” de seu filho.

– Depois da morte dele, quando os moradores descobriram que seu corpo estava na creche, houve um reforço policial para impedir o acesso de moradores. Além disso, dois policiais, com luvas cirúrgicas, entravam e saíam da creche muito nervosos. Eles pretendiam ensacar e sumir com o corpo do meu filho – denunciou Maria de Fátima.

Maria de Fátima disse ainda que Douglas não estava num churrasco, como foi divulgado anteriormente. Segundo ela, o dançarino estaria com a namorada, uma remadora:

– Meu filho não mora na comunidade, mas estava lá porque frequenta muito o local, onde tem uma filha e também onde fazia os ensaios do grupo de dança. Segundo relatos de amigos, parte da comunidade estava sem luz na hora em que ouviram tiros. Alguém alertou Douglas para que não saísse do local em que estava, mas ele disse que não era traficante e que iria embora para casa.

Nesta quarta-feira, Maria de Fátima chegou a comparar o caso de Douglas com a morte do ajudante de pedreiro Amarildo, que desapareceu após ser levado por policiais militares para a sede da UPP Rocinha, em julho do ano passado:

— Gente corajosa e peituda. Se não meu filho ia ser mais um desconhecido, mais um enterrado na lama, que só encontram carcaça. Estavam tentando tirar o corpo do Douglas da creche quando os moradores chegaram. Meu filho ia virar outro Amarildo — disse na quarta-feira.

Por volta das 10h, cerca de 50 mototaxistas da comunidade do Tabajara chegaram ao velório levando uma coroa de flores. Antes de DG ser dançarino, ele foi mototaxista. O pintor Paulo César Pereira, de 50 anos, pai de DG, passou mal após saber da morte do filho e precisou ser internado. Ele estava fora do Rio e ainda está sendo aguardado no velório, que acontece na Capela 7 do cemitério. O enterro está previsto para acontecer 15h desta quinta-feira.

A apresentadora Regina Casé, que trabalhava com Douglas no programa ‘Esquenta’, da TV Globo, divulgou uma mensagem em sua conta de Instagram. Usando uma imagem toda preta, ela falou sobre a dor de perder o colega:

“Abraçados…,de roupa….,chorando…. adormecemos por algumas horas. Hoje o dia vai ser duro Apoiar e amparar sua família,a minha, a nossa… E procurar forças pra enterrar nosso menino e buscar coragem pra continuar… DG Vem que vem pra sempre pros nossos corações! (sic)”, escreveu na rede social.

Na quarta-feira, dia seguinte aos protestos em Copacabana pela morte do dançarino, a tensão ainda pairava nas ruas de Copacabana, tanto no asfalto quanto na comunidade do Pavão-Pavãozinho, onde o corpo dele tinha sido encontrado. O rastro deixado pela revolta dos moradores podia ser visto em janelas de apartamentos quebradas, lixo espalhado, marcas de fogo e um carro queimado. Na favela, moradores fizeram uma oração em lembrança de Douglas.

Em toda a região, o policiamento foi reforçado. Carros do 19º BPM (Copacabana) e também do Batalhão de Choque ficaram estacionados na Rua Sá Ferreira. Duas viaturas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram a subir a Rua Saint Roman no fim da tarde. Mesmo assim, muitos saíam de casa ainda com medo de que as cenas vistas na véspera se repetissem. Bares e restaurantes próximos ao acesso ao morro permaneceram fechados.

Fonte: O Globo

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