Começou por volta das 8h30 desta quinta-feira (19/9) o quarto julgamento do acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Valtamiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, foi a julgamento três vezes por este caso – condenado em dois e absolvido em um. Ele cumpre regime semiaberto desde a anulação do terceiro julgamento, em maio deste ano, pela Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). A expectativa do TJ-PA (Tribunal de Justiça do Pará) é que a sentença do acusado seja anunciada no final do dia.
Dorothy Stang foi morta a tiros no município de Anapu, sudoeste paraense, em 12 de fevereiro de 2005. De acordo com o Ministério Público, a missionária foi assassinada porque defendia a implantação de assentamentos para trabalhadores rurais em terras públicas que eram disputadas por fazendeiros e madeireiros da região.
No início da sessão dessa quinta, presidida pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, um dos jurados foi dispensado por alegar que já teria opinião formada sobre Bida. O tribunal do juri é aberto ao público e está sendo acompanhado por manifestantes, representantes de movimentos religiosos – aos quais a missionária era ligada – e estudantes.
As investigações das polícias Civil e Federal, na época do crime, indicaram que Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Batista foram os autores do assassinato de Dorothy Stang. Em seguida, Amair Feijoli Cunha, conhecido como Tato, foi apontado como intermediário contratado por Bida e por Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, que pagariam R$ 50 mil pela morte da missionária. De acordo com a defesa de Bida, não há evidências suficientes que comprovem o envolvimento do fazendeiro no caso.
Na semana passada, o TJ-PA negou pedido de habeas corpus impetrado pela defesa. Condenado a 30 anos no primeiro julgamento, em 2007, Bida teve direito a novo júri em 2008, quando foi absolvido. O segundo julgamento, no entanto, foi anulado por fraude processual. No terceiro julgamento, que durou mais de 50 dias, Bida voltou a ser condenado, mas a defesa conseguiu a anulação alegando cerceamento de defesa.
Na ocasião, Bida rejeitou seus advogados e foi a júri com um defensor público, que admitiu posteriormente não ter tido acesso a todo o processo, o que foi usado pela defesa do fazendeiro para pedir a anulação do julgamento.
Fonte: Última Instância