Ministério Público divulga novo laudo pericial sobre caso Amarildo

RIO – Um novo laudo pericial de exame de voz, produzido pelo Centro de Criminalística da Polícia Militar (CCRIM) concluiu que a voz que se fez passar pelo traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau, assumindo a autoria da morte de Amarildo de Souza, ocorrida em 14 de julho do ano passado, na Rocinha, é do policial militar Marlon Campos Reis, réu no processo do caso. O novo laudo, segundo o Ministério Público, reforça as provas apresentadas até o momento. O resultado coincide com o parecer técnico realizado anteriormente pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP. Na ligação, Marlon faz supostas ameaças e diz que já “botou o Boi (apelido de Amarildo) na sua conta”.

Marlon sabia que sua ligação estava sendo monitorada por ordem judicial, porque efetuou ligação apara o celular de outro policial que sabia estar grampeado na chamada Operação Paz Armada. Mas a versão inicial de que a voz seria do traficante foi logo descartada por um laudo da Polícia Civil.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público e a Segunda Promotoria de Justiça, junto à Auditoria Militar, denunciaram quatro PMs por crime militar no desaparecimento de Amarildo. Eles são acusados de corrupção ativa de testemunhas. O crime foi praticado duas vezes durante as investigações sobre o desaparecimento do pedreiro, torturado e morto por integrantes da UPP da Rocinha. Também foram pedidas as prisões do major Edson Raimundo dos Santos e do tenente Luiz Felipe de Medeiros, na época comandante e subcomandante da UPP respectivamente.

Além dos dois, atualmente presos cautelarmente, por decisão do juízo da 35ª Vara Criminal da Capital, foram denunciados pelos mesmos crimes os soldados Newland de Oliveira e Silva Júnior e Bruno Medeiros Athanásio, que não faziam parte do inquérito do desaparecimento e morte do pedreiro. Segundo a promotora Isabella Pena Lucas, do Gaeco, eles entraram na investigação por corrupção ativa das testemunhas. De acordo com a denúncia, eles pagaram R$ 850 e R$ 500 a duas testemunhas para que, em depoimento, as mesmas acusassem o traficante Thiago da Silva Neris. Uma das testemunhas chegou inclusive a receber fraldas descartáveis como propina.

O anúncio das investigações foi feito em uma coletiva na manhã desta quinta-feira na sede do Ministério Público, no Centro.

O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morador da Rocinha, que desapareceu após ser abordado por uma patrulha da Polícia Militar em 14 de julho de 2013. Ele teria sido levado para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela, onde passaria por uma checagem de documentos. Desde então, nunca mais foi encontrado.

Vinte e cinco policiais militares respondem criminalmente pela tortura seguida de morte de Amarildo, sendo que 13 deles estão presos desde outubro do ano passado em presídio militar, aguardando julgamento. Entre eles, estão o major Edson Raimundo dos Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, considerados até então dois jovens e promissores oficiais da nova política de pacificação de comunidades.

A viúva de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, na ocasião da morte chegou a participar de diversas manifestações que ocorreram na cidade para pedir respostas sobre o desaparecimento.Apesar disso, com um passado de dependência química e alcoólica, Elizabete, segundo contaram parentes, voltou a beber e a usar drogas.

Em agosto ela chegou a desaparecer por dez dias, mas foi encontrada em Cabo Frio. Elizabete foi indiciada por abandono de material. Segundo o delegado Gabriel Ferrando, da 11ª DP (Rocinha), ela sumiu levando os cartões de benefícios (Elizabete e os filhos recebem Bolsa Família e um salário mínimo do estado) e deixou três filhos menores em casa. Após a morte de Amarildo, eles ganharam uma casa na comunidade. No entanto, a família ainda luta para se reerguer.

Fonte: O Globo

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