RIO – As paralisações na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) atingiram, pelo menos, metade dos cursos nesta segunda-feira, segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Recomendada pelo próprio reitor, Carlos Levi, na última sexta-feira, a suspensão das atividades ocorre devido à crise no pagamento dos funcionários terceirizados, o que leva a problemas nos serviços de limpeza e segurança da instituição, que tem mais 50 mil alunos e 104 cursos de graduação.
Desde a semana passada, diversas unidades, como a Escola de Comunicação (ECo) e a Faculdade Nacional de Direito, já tinham suspendidos suas atividades por falta de infraestrutura. Na ECo, por exemplo, um computador de R$ 18 mil foi furtado e uma aluna foi assediada. Além disso, diante da sujeira no prédio, professores estavam até limpando banheiros. Apesar da indicação do reitor, coube a cada instituto definir se suas atividades seriam interrompidas ou não.
Diretor do Instituto de Economia, Carlos Frederico Rocha não aderiu às paralisações. Em e-mail enviado aos professores, funcionários e alunos, o dirigente explica que a suspensão de aulas é prejudicial neste momento. O prédio da Economia fica no campus da Praia vermelha, o mesmo da Escola de Comunicação e da faculdade de Educação, ambos parados.
“O Conselho Diretor do Instituto de Economia considera que nossas atividades acadêmicas são a razão de nossa existência. Mantê-las é seu objetivo maior. Ao contrário de auxiliar nesses momentos difíceis, a suspensão dessas atividades debilita e esvazia nossa Universidade. Assim, o Instituto de Economia funcionará nesta segunda-feira e adotará sempre como principal alternativa manter-se aberto”, afirmou Carlos Frederico.
Foram paralisados as unidades e os cursos de Gestão Pública, Biblioteconomia, Letras, Arquitetura, Belas Artes, Políticas Públicas, Psicologia, Farmácia, Fisioterapia, Filosofia, Ciências Sociais, História, Odontologia, Biofísica, Biologia, Nutrição, Educação Infantil, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e TV, Direção Teatral, Produção Editorial, Ciências Contábeis, Serviço Social, Educação, Direito, Física e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur). A assessoria de imprensa da UFRJ afirmou que ainda está levando o número de cursos que suspenderam suas atividades.
Os estudantes aguardam a decisão da reunião entre o reitor, os decanos e os diretores, que acontece nesta segunda-feira a partir das 16h para definir os rumos da ocupação. Além da pauta imediata de pagamento dos terceirizados, os alunos pedem uma ampliação nos recursos para a assistência estudantil.
– A pauta é muito mais ampla que a questão dos terceirizados, há toda uma questão de assistência estudantil e o quanto ela é insuficiente tendo em vista o contingente de estudantes que entram na universidade. É uma luta geral também, envolve uma questão política contra o PL 4330, que é o projeto das terceirizações. Isso pode ampliar o que hoje encontramos aqui, seria um caos- afirma Helena Martins, aluna de odontologia e membro do DCE da UFRJ.
Os estudantes reclamam que a expansão do número de vagas na universidade não foi acompanhada de um aumento nos recursos destinados à assistência estudantil, que fornece condições aos alunos para permanecerem na graduação.
– Tem uma entrada de estudantes de camadas populares cada vez maior, no entanto, não há na mesma proporção o aumento da verba para a assistência estudantil e muito menos para a educação em geral. Pelo contrário, vimos que a política do governo foi cortar 20% do setor. Houve uma expansão da universidade e uma precarização da área social, você não garante a permanência desses estudantes e nem a formação- critica Maria Angélica Paixão, aluna de Serviço Social e membro do DCE.
Fonte: O Globo