Homenagens a Campos dão o tom na estreia na TV

Eduardo Campos - Foto Aluisio MoreiraSEI-749572

BRASÍLIA — Enquanto a candidatura do PSB à Presidência sofria com a indefinição causada pela tragédia de Eduardo Campos, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) faziam os últimos ajustes nos programas do horário eleitoral gratuito que serão exibidos a partir desta terça-feira.

Além de homenagens a Campos, os responsáveis tanto pelos programas de Dilma quanto pelos de Aécio prometem focar mais nas realizações e propostas para o futuro do que no ataque direto aos adversários. Enquanto a propaganda do PT tentará mostrar realizações também do governo Lula, os tucanos prometem não se esquecer do ex-presidente Fernando Henrique.

Com quase o triplo do tempo de seu principal adversário, a propaganda de TV de Dilma será baseada no seguinte tripé: mostrar o que foi feito em seu governo e no de Lula, apresentados como um único projeto; relembrar, de forma negativa, o que era o país antes de o PT chegar ao Planalto, em 2003; e projetar o futuro. Dilma será apresentada como a candidata mais apta a continuar fazendo as mudanças de que o país precisa.

FOCO EM PROGRAMAS SOCIAIS

Nos 11 minutos e 24 segundos que terá em cada bloco de 25 minutos, a propaganda petista destacará programas sociais como o Mais Médicos, que levou profissionais de saúde, a maioria cubanos, para as periferias das grandes cidades e para o interior do país; e o Pronatec, que oferece cursos de educação profissional e tecnológica.

O programa de Dilma também ressaltará dados sobre a redução da pobreza, a geração de emprego e a distribuição de renda.

Nas últimas semanas, a presidente visitou grandes obras de infraestrutura, acompanhada da equipe de seu marqueteiro, João Santana. A ideia foi gravar imagens que serão usadas no horário eleitoral gratuito. Dilma vistoriou, por exemplo, trechos da ferrovia Norte-Sul e a usina de Belo Monte (no Pará), ambas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela ainda pretende gravar imagens nas obras de transposição do Rio São Francisco.

Além dos programas sociais, outro trunfo será Lula. Ele aparecerá dando depoimentos e participando de eventos, como a convenção nacional do PT que confirmou a candidatura de Dilma à reeleição. Há preocupação, no entanto, em dosar a exposição de Lula, para não ofuscar Dilma.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) também gravou inserções falando dos resultados do governo, como a distribuição de renda. Em uma delas, Temer diz que o PMDB esteve na luta pela democracia e agora integra um governo que está na luta pelos direitos sociais.

O primeiro programa petista deve ter, ainda, uma homenagem a Eduardo Campos. A campanha de Dilma aposta nos mais de 11 minutos que ela terá para, além de divulgar as ações de seu governo e crescer nas pesquisas, diminuir a rejeição da presidente apontada nas pesquisas.

Do lado tucano, o mote da pré-campanha de Aécio — o convite para um papo reto, o “Vamos conversar” — será substituído nos programas do horário eleitoral gratuito de rádio e TV por uma saudação e outro chamamento ao eleitor: “Seja bem-vindo”. No primeiro programa, Aécio aparecerá em vários pontos do país, além de também fazer homenagem póstuma a Campos.

Nas primeiras duas semanas, dois terços dos programas do tucano serão de apresentação pessoal: quem é Aécio e o que fez. Na terceira semana, isso se inverterá: dois terços serão para mostrar o que ele pretende fazer em contraste com o que Dilma não fez. No último mês, véspera da eleição, os programas vão martelar as propostas para o futuro.

O marqueteiro mineiro Paulo Vasconcelos prepara peças com muita interação com personagens da vida real, visitas em portas de fábricas e imagens do Brasil real “com olhar otimista”.

BATE-PAPO COM FAMÍLIAS

O ex-presidente Fernando Henrique será mostrado em algum evento para desmistificar a ideia de que causa desgaste e não agrega votos. E haverá cenas de bate-papo com famílias: de Vigário Geral, no Rio, a comunidades ribeirinhas do Amazonas.

Nos primeiros programas serão mostradas gravações feitas na comunidade de 150 famílias no interior do Amazonas. Na periferia de Teresina, na quarta-feira, Aécio gravou cenas na casa de Maria Osmarina, beneficiária do Bolsa Família, ponto que ele vai repisar para desmontar boatos de que acabará com o programa.

— Nosso tempo é muito curto para ficar falando mal. Vamos mostrar o que vamos fazer. Vamos deixar o baixo astral para o outro lado. Do medo, já se apropriaram. Quem já causa inflação, desemprego e desesperança? Essa agenda é deles — diz Aécio.

Os programas do tucano vão buscar conexão com os 75% dos eleitores que querem mudança. A família também deve ser mostrada, mas Aécio não quer fazer uso “piegas” da mulher Letícia e dos filhos. Gabriela, a mais velha, de 22 anos, já se integra a algumas agendas de campanha, mas deve aparecer “de forma natural”.

Na coligação Unidos Pelo Brasil (PSB, PPS, PHS, PSL, PRP, PPL), seis dias após a morte de Eduardo Campos, a propaganda de TV de hoje levará ao ar uma homenagem póstuma ao presidenciável. Serão imagens da trajetória pessoal e política do ex-governador. O PSB pediu ao responsável pela propaganda, o marqueteiro argentino Diego Brandy, que evite explorar velório e sepultamento e que dê um tom emocional, mas alegre, da história de Campos.

Marina Silva, a vice, ainda não será apresentada como a substituta do pessebista. Ao menos até o programa de quinta-feira, porque somente amanhã ela será oficializada na vaga de Campos, em reunião da direção partidária em Brasília. A ex-senadora, no entanto, aparecerá falando sobre o companheiro de chapa. Segundo um dirigente do PSB, serão pouco mais de dois minutos para emocionar o telespectador.

— Vamos mostrar quem era o Eduardo. Um grande e jovem político, um marido amoroso, um pai carinhoso. Devemos essa homenagem a um homem que dedicou sua vida a melhorar a vida das pessoas — diz um parlamentar.

MATERIAL MOSTRADO À FAMÍLIA

O programa fará alusão a uma das últimas frases de Campos no “Jornal Nacional”, na véspera da tragédia: “Não vamos desistir do Brasil”. Apesar de o partido dar pistas sobre a homenagem póstuma, o programa vai ser finalizado hoje. Brandy foi ao Recife, ontem, para mostrar a peça à família de Campos e ter aprovação sobre o material.

Os primeiros programas estavam praticamente prontos semana passada, quando Campos morreu. Brandy disse que refez o trabalho para o partido “prestar uma homenagem singela” ao candidato. No entanto, aproveitará imagens, depoimentos e entrevistas gravadas com ele ao longo da pré-campanha. Aparecerão também os cinco filhos e a viúva, Renata Campos.

Um dos programas, em preto e branco, mostra imagens das manifestações de junho de 2013 em frente ao Congresso, intercaladas com fotos de Campos e Marina. “O Brasil que temos hoje é um país diferente, mais exigente nas lutas com ruas gritando urgente. (…) É preciso (…) alguém que escolha o diálogo e escute os diferentes. Que possa unir o Brasil numa agenda consciente, que se “arrodeie” dos bons e as raposas aposente. Arraes no seu coração e o futuro em sua mente”, diz o texto. O programa será reformulado e usado nos próximos dias.

Num outro filme pronto para ir ao ar antes do acidente, Campos e Marina entram juntos num auditório enquanto aparecem letreiros com “É hora de mudar o Brasil” e “É hora de mandar o Sarney para a oposição”. As frases serão retomadas mais para a frente da campanha.

Em seguida, na peça, Campos parte para críticas à presidente Dilma, de pé, como se contasse uma história ao público, com Marina Silva ao lado: “A presidente Dilma criou 39 ministérios, deu ministério a um afilhado de (José) Sarney, outro a um afilhado de Renan (Calheiros). E ela passou um bocado de tempo sem conseguir votar nada que ela queria no Senado porque eles queriam mais. Iam para quantos ministérios?”, pergunta na peça.

 Fonte: O Globo
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