Garis não grevistas relatam ameaças: ‘escolta é insuficiente’

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A escolta prometida pelo prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) aos garis que quisessem voltar ao trabalho nesta quinta-feira (6) não foi suficiente para coibir ameaças contra os que decidiram abandonar a greve iniciada no último sábado (1°). Funcionários da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) contam que tiveram dificuldades de realizar a coleta de lixo na cidade. Na zona oeste, um grupo diz que foi ameaçado e impedido de trabalhar.

Em Santa Teresa, região central do Rio, um grupo de garis disse que deixou a sede da gerência local às 6h. Ao todo, cinco caminhões foram enviados para o recolhimento de lixo no bairro, sob proteção de uma viatura da Polícia Militar. No entanto, poucos minutos depois, os garis foram avisados por motoqueiros desconhecidos que era para abandonarem o trabalho. A coleta só foi concluída horas mais tarde, com a chegada de reforço policial.

“Uma viatura para escoltar cinco caminhões é muito pouco. Eu aderi à greve desde o início, mas decidi voltar nesta quinta. Só que, pouco tempo depois que chegamos na rua, dois homens ameaçaram quebrar o caminhão em que eu estava. Um deles estava com uma barra de ferro. O gerente da Comlurb em Santa Teresa foi avisado e autorizou que a gente voltasse para a sede. Ficamos sem trabalhar até a chegada de mais viaturas. Só então pudemos continuar com o recolhimento de lixo”, conta Fábio de Oliveira, 32. Ele é gari há nove.

Colega de Fábio, um outro gari relata que os funcionários responsáveis pela varredura tem ainda menos segurança. “Os que trabalham no caminhão são menos vulneráveis do que quem trabalha varrendo as ruas, como eu. Não tem escolta para cada gari que está varrendo. Seria impossível um segurança para cada gari. A proteção acaba sendo para os caminhões da empresa e para quem faz a coleta”, apontou ele, que preferiu não se identificar.

Em Sepetiba, bairro da zona oeste capital fluminense, um grupo de cerca de 50 funcionários não conseguiu trabalhar. Segundo os garis daquela região, a única escolta para a área foi destinada à sede da gerência. Nas ruas, não havia segurança.

“De manhã cedo saímos para o recolhimento nas ruas, o que não vinha acontecendo desde sábado. Não aderi à greve e estou indo trabalhar desde domingo. Só não fui no sábado, porque estava de licença médica, mas em nenhum desses dias nós fizemos coleta de lixo. Só batemos ponto e ficamos na sede, com medo de represália. Achei que alguma coisa fosse mudar nesta quinta depois que a prefeitura anunciou mais segurança, mas me enganei”, conta.

“Assim que o caminhão de lixo foi para a rua, vieram as motos atrás com homens que eu não conheço. Eles gritaram que era para fazer greve senão teríamos problemas. Diante de mais uma ameaça, voltamos a cruzar os braços com autorização da chefia. Ninguém quer arriscar a vida. No último sábado, tivemos dois caminhões quebrados e uma enxurrada de ameaças contra colegas”. Para ele, que está na Comlurb há 13 anos e também não quis se identificar, a greve é justa e só não aderiu à paralisação porque teme perder o emprego.

“Não há momento melhor para reivindicar do que este mês de março, quando vai ser dado o nosso dissídio. Mas a briga não é só pelo reajuste salarial. Muitos dos nossos benefícios foram tirados há anos, ainda na época de outro prefeito. Merecemos mais valor”, ressalta.

Prisões

Nesta quarta-feira (5), quatro garis que aderiram à greve da categoria foram presos acusados de ameaçar colegas que estavam trabalhando. Eles foram autuados por atentado contra a liberdade do trabalho, crime previsto pelo artigo 197 do Código Penal.

As três primeiras prisões foram feitas em Ipanema (zona sul), quando garis foram impedidos de limpar a orla. O quarto caso aconteceu em Campo Grande (zona oeste da capital fluminense). Lá, o gerente da Comlurb identificado como Everaldo dos Santos Vargas contou ter sido agredido com um soco no rosto quando saía para trabalhar com sua equipe.

Os garis exigem aumento salarial, pagamento de horas extras e reajuste do auxílio refeição, entre outras reivindicações. Pelo acordo coletivo anunciado na segunda-feira (3), os garis terão 9% de aumento salarial (o piso passará de R$ 802 para R$ 874), mais 40% de adicional de insalubridade. Segundo a Comlurb, com isso, o vencimento inicial passará a ser de R$ 1.224,70. Além do aumento salarial, o acordo garantiu mais 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal. Os garis, no entanto, consideram a proposta insatisfatória, já que pedem um piso salarial de R$ 1.200.

Cerca de 500 garis decidiram por manter a greve da categoria em assembleia realizada hoje. Após a votação, os grevistas saíram em passeata rumo à Prefeitura do Rio e, em seguida, debaixo de chuva, seguiram em direção à Câmara dos Vereadores. Por onde passaram, foram recebidos por gritos de apoio de pessoas que estavam nos prédios. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, havia anunciado, na noite de quarta (5), que suspenderia as cerca de 300 demissões de garis se os trabalhadores voltassem ao trabalho hoje. Nem a Comlurb nem os garis grevistas sabem informar quantos são os funcionários que não estão comparecendo ao trabalho. Ao todo, a companhia emprega 15 mil garis.

Fonte: UOL

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