Falta de vagas e escassez de postos do Detran fazem motoristas penar para agendar vistorias

DETRAN

RIO — Todos os anos, motoristas precisam vistoriar seus carros para continuar circulando no Rio. Mas essa inspeção, elogiada por especialistas por aumentar a segurança no trânsito, também é motivo de muita dor de cabeça. Os problemas já começam na hora de marcar a vistoria, já que a quantidade de vagas é pequena, especialmente em regiões como Zona Sul e Centro. Quando o motorista entra no site do Detran, não pode escolher o local de sua preferência, sendo obrigado a aceitar as poucas opções apresentadas. Por causa da escassez de vagas, há quem seja mandado não só para postos longe do bairro onde mora, como até para outras cidades — e, ao chegar lá, ainda pode encontrar o sistema fora do ar.

Nos últimos anos, o número de veículos cresceu no estado, mas a oferta de serviços do Detran não acompanhou essa evolução. Desde 2007, a frota fluminense aumentou 55,76%, chegando aos 6.299.156 veículos em junho deste ano. Só de automóveis, são 4.362.426. Já o número de postos de vistoria cresceu pouco menos de 20%, passando de 41, em 2007, para os atuais 49; e a quantidade de linhas de vistoria subiu de 224 para 310 (mais 38%). O Detran informou que ampliou o tempo do serviço também em duas horas: hoje, ele é prestado das 7h às 19h.

O problema foi agravado pelo não pagamento do salário dos funcionários terceirizados, que se negaram a trabalhar e fecharam, no último sábado, 30% dos postos do Detran no Rio. Segundo o órgão, a Prol — empresa que presta os serviços de vistoria — fez o pagamento na quarta-feira, e os postos já voltaram a funcionar. Ficaram fechadas as unidades de Nova Iguaçu, Barra da Tijuca, DNER, Niterói, Itaboraí, Reduc, Mesquita, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Paraíba do Sul, Barra do Piraí, Volta Redonda, Resende e Macaé. Devido à paralisação, o prazo da vistoria para veículos com finais de placa 2 e 3 foi prorrogado de 31 de agosto para 30 de setembro.

O diretor de Fiscalização do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio, Jorge Castro, afirmou que atrasos no pagamento de salários são constantes. Já a Prol disse que não há mais pendências em relação aos funcionários do Detran.

MOTORISTA TEVE QUE IR PARA RESENDE

O presidente do Detran, Fernando Avelino, reconhece a dificuldade dos motoristas para marcar vistorias no Centro e na Zona Sul. Segundo ele, ninguém será prejudicado, pois o prazo foi ampliado.

— Perdemos dois terrenos, no Catete e na Rua Santa Luzia. Cada dia, fica mais difícil ter terrenos como o da Barra, mas vamos compensar com a Unidade de Referência do Detran na Ilha do Governador. No novo centro, vamos ter 26 linhas, com capacidade para quase 600 mil vistorias por ano. As 11 primeiras devem ficar prontas em setembro e o restante, até o fim de outubro. Também pretendemos criar postos na Baixada e em São Gonçalo — disse Avelino.

O advogado Aluízio Brás, morador de Copacabana, passou um mês tentando marcar a vistoria (cujo prazo venceu no último sábado), além da transferência de propriedade e jurisdição do carro (emplacado em Goiás). Como não havia vagas para inspeção na capital, ele marcou em Resende. Gastou R$ 700 de combustível e hospedagem e, quando chegou ao posto, ele estava fechado devido à greve.

— Esse posto estava em greve há uma semana e mesmo assim me enviaram para lá. Eles estão mais desinformados do que a gente. Não dá para confiar no Detran. Eu moro em Copacabana e não tenho condição de ir para Resende dar de cara com o posto fechado — disse, indignado.

Após o fechamento de um dos postos do Catete, em março de 2012, e do que ficava na Rua Santa Luzia, no Centro, em 25 de julho passado, restou apenas um local — no Largo do Machado — para atender moradores do Centro e da Zona Sul. A solução encontrada por muitos tem sido se deslocar para outras regiões, como a Barra da Tijuca.

UM MÊS PARA CONSEGUIR VAGA

Foi o caso do engenheiro Anderson Migliano, que mora em Copacabana. Como não encontrou vagas mais perto de casa, ele enfrentou o trânsito no caminho para a Barra da Tijuca para vistoriar seu carro, na última terça-feira. No mesmo dia, a professora Ana Paula Maraeiro também teve que se deslocar para a mesma região, a fim de fazer a inspeção do seu veículo:

— Tive muita dificuldade de marcar a vistoria. Não havia vagas em locais próximos de onde eu moro, na Tijuca. Todo ano é a mesma coisa.

Quem foi ao posto que fica no Terminal Alvorada, na Barra, no último sábado, ainda teve uma surpresa desagradável: os funcionários não trabalharam. O supervisor Francisco dos Santos esperou das 10h às 16h. Acabou voltando na terça-feira para emplacar a sua moto nova.

No posto Machado de Assis, o único local de vistoria da Zona Sul, os usuários reclamavam do atendimento na terça-feira passada. O engenheiro Pedro da Fonseca contou que passou 15 dias tentando conseguir uma vaga. Para isso, entrou diversas vezes por dia no site do Detran. Quando finalmente foi vistoriar o carro, estranhou o fato de haver poucos motoristas no lugar. O aposentado Leandro Machado também precisou de paciência para conseguir vistoriar sua scooter no Catete:

— Queriam me mandar para Campo Grande, Nova Iguaçu e Nilópolis, mas eu nem conheço esses lugares, que são distantes. Após um mês tentando, e muitas ligações, consegui marcar no Catete.

Já o engenheiro aposentado Pedro de Cunha, apesar de ligar todos os dias para o Detran, não conseguiu marcar a vistoria no Catete. Morador da Zona Sul, ele não quer se deslocar para bairros distantes e reclamou da falta de locais de atendimento:

— Agora, só ficou um posto no Catete para atender a Zona Sul, e nunca há vaga. Não vou sair da Zona Sul para fazer vistoria em Queimados ou Nilópolis. Se eu não conseguir vaga no Catete, vou entrar com um mandado de segurança para andar com meu carro sem vistoria.

O Detran informou que tem 49 postos de vistoria no estado. Os motoristas podem agendar o serviço em qualquer unidade, independentemente do município onde o veículo foi registrado. Sobre as dificuldades para a marcação da inspeção, o Detran disse que abre vagas diariamente para todos os postos.

Devido ao mau atendimento prestado pelo Detran, uma sentença, emitida em março, pelo juiz Alexandre Mesquita, da 3ª Vara de Fazenda Pública, obrigava o órgão a cumprir, ao menos, seis parâmetros mínimos de qualidade. Um deles era o agendamento (por internet ou telefone) no prazo de 30 dias a contar do contato do usuário, em local e horário escolhidos por ele, além de pôr à disposição dos usuários pessoal suficiente para prestar o serviço agendado no prazo de 20 minutos (dias úteis) e 30 minutos (véspera ou após feriados prolongados). O juiz estabeleceu multa diária de R$ 10 mil, em caso de desobediência. A ação ainda corre na Justiça.

Fonte: O Globo

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