Estudo da Unicef alerta CBF e clubes por exploração infantil

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Convidados pela Unicef para a apresentação do relatório “A infância entra em campo” na terça-feira, em Salvador, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari evitaram uma saia-justa ao não marcarem presença. Especialmente Parreira, que confirmou a participação, mas se tornou ausência de última hora ao ser solicitado por Marco Polo Del Nero para comparecer à eleição desta quarta na CBF.

A entidade para o qual Felipão e Parreira trabalham é um dos principais alvos, quiçá o principal, do estudo que trata de “riscos e oportunidades para crianças e adolescentes no futebol”. Bahia, Vitória, Botafogo, Coritiba, Flamengo, Santos, São Paulo e Ypiranga-BA enviaram representantes e ouviram alertas sobre a necessidade de responsabilidade social nas divisões de base.

Desenvolvido pela Unicef em conjunto com Secopa Bahia e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves Roussan (Cedeca Bahia), o relatório de 72 páginas expõe a submissão dos garotos a uma rotina profissional. A conclusão do estudo é que a competitiva forma de trabalho na base brasileira está distante do que a Lei Pelé prevê para jovens de 12 a 18 anos, onde o Esporte Educacional é substituído pelo Esporte de Alto Rendimento.

Com base em 40 entrevistas realizadas com atores envolvidos no processo, são elencados como principais riscos na formação de jogadores: ameaça à saúde, distanciamento familiar, exploração econômica, distância dos estudos e abuso sexual. De acordo com Waldemar Oliveira, coordenador do Cedeca-BA, 37% dos ouvidos revelaram assédio sexual dentro da base.

Só em 2012, requisitada após ajuste na lei, a CBF estabeleceu a necessidade do Certificado de Clube Formador, onde o acesso dos jogadores jovens à educação e saúde são requisitos. Mesmo assim, a entidade verticalizou a emissão dos certificados para as Federações Estaduais, que adotam critérios distintos.

Apresentado em evento na Arena Fonte Nova, na terça-feira, o relatório da Unicef teve críticas à CBF especialmente por representantes do Ministério Público do Paraná. A procuradora Cristiane Sbalqueiro Lopes chegou a dizer que a entidade é omissa em políticas para os jovens que militam no futebol e que o poder público precisa urgentemente criar mecanismos para regular a questão social e assegurar os direitos das crianças e adolescentes nas divisões de base.

“A Lei Pelé para a CBF é como colocar carneirinho na boca do leão”, disse a procuradora, sobre a conclusão do estudo de que tanto a legislação quanto a entidade regulam apenas as transferências. A própria Fifa, com a criação do Mecanismo de Solidariedade aos Clubes Formadores, criou um mercado paralelo que envolve diretamente crianças de 12 anos.

O distanciamento escolar é apontado ainda como um dos pontos de maior preocupação na Unicef. Os estudos são colocados em segundo plano: aulas ocorrem à noite, provas são constantemente remarcadas e, em caso de serviço à Seleção Brasileira, a lei exige que faltas sejam abonadas.

Quase sempre distantes do acesso ideal à educação, os garotos terão dificuldades de inserção ao mercado de trabalho na vida adulta. O estudo da Unicef lembra que 1% dos que participam de peneiras serão profissionais. No futebol brasileiro, 97% dos atletas recebem menos de 10 salários mínimos e não têm calendário anual.

Concluída essa etapa do processo, os responsáveis levarão o estudo adiante com a ampliação da pesquisa – feita com Bahia e Vitória – junto a outros grandes clubes brasileiros para um diagnóstico mais abrangente e definição de próximos passos. A promotora paranaense Cristiane Lopes chegou a sugerir a criação de uma força de trabalho para solicitar providências ao ministério do Esporte e mudanças na Lei Pelé.

Fonte: UOL

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