Dólar sobe 1,7% e chega a valer R$ 3,70, maior cotação desde 2012; Bovespa cai 2,5%

RIO – A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 2,55%, aos 45.456 pontos, nesta terça-feira, seguindo o mau humor dos mercados globais em dia de novos dados negativos sobre a economia chinesa. O dólar comercial, por sua vez, opera em alta pelo terceiro dia de negociação consecutivo, contrariando a tendência internacional para moeda e sofrendo a piora das expectativas no cenário doméstico. A divisa acentuou a alta e agora sobe 1,73%, cotada a R$ 3,690 para compra e a R$ 3,692 para venda. Na máxima do dia, a moeda alcançou R$ 3,705 — a maior cotação registrada durante um dia de negociação desde 16 de dezembro de 2012.

Em Wall Street, os principais índices recuam mais de 2%. O Dow Jones tem baixa de 2,6%, enquanto o S&P 500 registra desvalorização de 2,9%; o Nasdaq cai 2,49%.

Em escala global, o dólar recua 0,17% frente às dez principais moedas do mundo, segundo o índice Dollar Spot, da Bloomberg, após mais uma divulgação decepcionante de indicadores econômicos chineses. Os números do setor manufatureiro do país asiático reforçam a percepção de que a economia chinesa avança menos do que se projetava, elevando a probabilidade de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) adie a elevação de juros do país.

Ontem, a previsão de um déficit primário no Orçamento do ano que vem fez o dólar ganhar força e acumular a maior alta para um mês de agosto desde 1999, quando o país passou a adotar o regime de câmbio flutuante. A moeda americana fechou negociada a R$ 3,627 na compra e a R$ 3,629 na venda, valorização de 1,17% ante o real, maior valor em mais de 12 anos — só abaixo dos R$ 3,665 de 14 de fevereiro de 2002. Na máxima do dia, chegou a R$ 3,684. No mês, a valorização da divisa foi de 5,96%, a maior para o mês desde os 6,55% de agosto de 1999.

A atividade no setor industrial da China contraiu-se no ritmo mais rápido em três anos em agosto, segundo pesquisa oficial divulgada nesta terça-feira. Uma outra pesquisa sobre o setor, desta vez realizada pelo setor privado, foi igualmente negativa.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial de indústria da China caiu para 49,7 em agosto ante 50,0 em julho, informou nesta terça-feira a Agência Nacional de Estatísticas. As novas encomendas, medida de demanda doméstica e externa, caíram, para 49,7 em agosto ante 49,9 em junho. As novas encomendas de exportação contraíram pelo 11º mês seguido. Já a Pesquisa privada do Caixin/Markit, que foca em fábricas menores, indicou uma desaceleração ainda mais forte, com o PMI caindo para 47,3, pior leitura desde março de 2009.

BOLSAS CAEM COM DADOS CHINESES

Com os números, as Bolsas asiáticas fecharam em queda nesta terça. A Bolsa de Tóquio encerrou em baixa de 3,84%, Hong Kong perdeu 2,24% e Xangai registrou recuo de 1,86%. As principais bolsas da Europa seguem a tendência. A Bolsa de Londres opera em baixa de 2,31%, enquanto Paris recua 2,19% e Frankfurt registra queda de 2,64%.

Na Bolsa brasileira, a queda afeta 63 das 66 ações que compõem o Ibovespa. Puxam para baixo o pregão as ações de maior peso, como bancos, Petrobras e Vale. A petrolífera tem baixa de 4,14% (ON, a R$ 10,18) e 4,46% (PN, a R$ 8,78). A companhia acompanha a queda da cotação internacional do petróleo, que interrompe sua maior sequência de altas em 25 anos com as crescentes dúvidas de que os integrantes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) agirão em conjunto para reduzir a oferta do produto. O barril do tipo Brent recua 5,15%, a US$ 51,34.

Já a Vale, diretamente impactada pelo noticiário econômico chinês, registra desvalorização de 3,51% (ON, a R$ 17,29) e 3,03% (PN, a R$ 13,72). Entre os bancos, o Banco do Brasil cai 2,35% (a R$ 17,41), o Bradesco recua 3,08% (a R$ 22,34) e o Itaú Unibanco, 2,26% (R$ 25,93).

— Nosso mercado é influenciado hoje tanto pela conjuntura externa quanto pela turbulência aqui dentro mesmo. Os dados da China vieram ruins. Não foi uma grande novidade mas é a constatação de que a deterioração da economia está, de fato, ocorrendo. É importante lembrar que esses dados não capturam ainda a volatilidade do último mês sentida no mercado chinês — afirmou Adriano Moreno, estrategista da Futura Invest. — Aqui, o mercado segue ainda com o rescaldo do déficit anunciado ontem e é impactado também por dúvidas sobre a continuidade do ministro Levy no cargo.

Para João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, o mercado também especula sobre a taxa básica de juros, a Selic, que será anunciada amanhã.

— O consenso do mercado ainda é de uma manutenção nos 14,25%. Mas como o câmbio correu forte desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a piora no cenário político e externo foi tão grande, que algumas pessoas desconfiam que possa haver mais um aumento de 0,25 ponto percentual — afirmou.

FITCH DIZ DÉFICIT RESSALTA DIFICULDADES DO PAÍS

O pregão brasileiro segue sentindo o impacto da discussão orçamentária da véspera. A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta terça-feira que a previsão de déficit público no Orçamento de 2016 “coloca a tendência de superávits primários bem abaixo do cenário-base usado pela Fitch em abril”. Naquele mês, a agência colocou em perspectiva negativa a nota soberana do Brasil.

“A revisão da meta (de superávit) para um déficit primário para o próximo ano, que ocorre após a redução das metas de superávit para os próximos anos realizada em julho de 2015, ressalta a dificuldade enfrentada pelo Brasil em sua consolidação fiscal”, disse a chefe da Fitch para a área de notas soberanas na América Latina, Shelly Shetty, em resposta enviada a jornalistas. “Essa mudança coloca a tendência de superávits primários bem abaixo do cenário-base usado pela Fitch em abril e explicita os crescentes riscos à trajetória das finanças públicas e da dívida.”

Fonte: O Globo

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