SÃO PAULO – O aumento da aversão a risco no exterior e a deterioração dos fundamentos econômicos no Brasil fizeram o dólar comercial ultrapassar a barreira dos R$ 2,80 nessa terça-feira. Às 12h54, a moeda americana era negociada em alta de 1,51% diante o real, a R$ 2,818 na compra e a R$ 2,820 na venda. Esse é o maior valor de negociação desde os R$ 2,827 de 10 de novembro de 2004. Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, passou a operar em queda de 0,79%, a 48.992 pontos.
A situação econômica interna tem ajudado nesse movimento de valorização do dólar. Ítalo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil, lembra que a situação fiscal do pais ainda não está resolvida, o que aumenta a desconfiança por parte do investidor.
— O nosso fiscal não está resolvido e o momento político está conturbado. Tudo isso repercute de forma negativa. E temos um menor fluxo de investidores estrangeiros, o que deixa o mercado mais volátil por conta de toda essa vulnerabilidade — afirmou.
No exterior, as preocupações em relação à Grécia e sua possível saída da zona do euro fazem com que o dólar ganhe força diante das moedas de países emergentes. “O dólar segue valorizado ante a maioria das moedas emergentes, diante da aversão aos ativos de risco e a queda do preço do petróleo”, afirmou, em relatório, João Paulo de Gracia Corrêa, analista da Correparti Corretora de Câmbio.
Já na Bolsa, as ações da Petrobras registram forte volatilidade. Pesa a favor da empresa a expectativa de que o governo tenha encontrado uma solução para publicar o balanço da companhia com o aval dos auditores independentes. Isso ajudou na alta de mais de 3% nos papéis da companhia, mas elas perderam força. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da estatal operam com leve valorização de 0,21%, cotadas a R$ 9,30, e as ordinárias (com direito a voto) recuam 0,21%, a R$ 9,18.
— O pano de fundo é todo negativo para a Bolsa brasileira, com o problema da Grécia e o baixo preço do petróleo e, no Brasil, a economia crescendo pouco e a inflação pressionada. Mas há a expectativa de que a nova diretoria da Petrobras terá respaldo para arrumar a empresa — afirmou Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets.
POSSIBILIDADE DE ESTÍMULO NA CHINA
O mercado brasileiro segue pressionado pelo exterior. A China divulgou desaceleração nos índices de inflação ao consumidor, que atingiu o menor nível em cinco anos, aumentando a expectativa em relação a novos estímulos por parte do governo chinês. Além disso, a aversão ao risco está maior devido às preocupações com a Grécia e sua possível saída da zona do euro.
O analista lembrou ainda que a alta da cotação do dólar e a possibilidade de estímulos na China beneficiam as empresas exportadoras. As ações da Fibria operam em alta de 0,30% e as da Suzano sobem 0,61%. Já os papéis da Usiminas avançam 1,55%.
No exterior, a tendência é de alta nos principais mercados europeus. O DAX, de Frankfurt, registra alta de 0,98%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, registra elevação de 1,20%. A exceção é o FTSE 100, de Londres, que registra leve queda de 0,10%.
Fonte: O Globo