Presos do mensalão estavam na Penitenciária da Papuda, em Brasília.
Eles foram para o CPP, onde ficam detentos com aval para trabalho externo.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou na tarde desta quarta-feira (2) que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-deputado Valdemar Costa Neto foram transferidos do Complexo Penitenciário da Papuda para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde ficam detentos do Distrito Federal com autorização para trabalho externo. Todos cumprem pena em regime semiaberto, mas, na Papuda, só podiam trabalhar internamente.
Segundo o advogado José Gerardo Grossi, que empregará Dirceu, o ex-ministro da Casa Civil começou a trabalhar nesta quinta-feira (3). O escritório de advocacia fica na região central de Brasília, no Setor Bancário Sul. Dirceu trabalhará das 8h às 18h, com intervalo de uma hora para almoço. Ele poderá deixar o escritório para almoçar, segundo Grossi. Pelas regras do trabalho externo, o preso pode se deslocar 100 metros do local de trabalho para o almoço.
Além de Dirceu, Delúbio e Valdemar, o ex-deputado federal Bispo Rodrigues já foi transferido da Papuda para o CPP. A juíza da Vara de Execuções Penais, Leila Cury, também determinou na tarde desta quarta a transferência para o CPP do ex-tesoureiro do extinto PL Jacinto Lamas.
Condenado a 6 anos e 3 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Bispo Rodrigues teve autorização do Supremo para trabalhar na área administrativa de uma rádio de Brasília. Jacinto Lamas, condenado a cinco anos pelo crime de lavagem de dinheiro, voltará a trabalhar como auxiliar administrativo em uma construtora da capital federal.
Barbosa negou
Oito dos 24 condenados do processo, entre eles Dirceu, Delúbio e Valdemar, tiveram o benefício de trabalho fora da cadeia negado ou revogado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, em maio.
Entendimentos consolidados na Justiça autorizam há 15 anos o trabalho durante o dia fora da cadeia, mas Barbosa entendeu que eles ainda não tinham cumprido um sexto da pena como exige a Lei de Execução Penal (LEP).
O plenário do Supremo, então, julgou o caso e derrubou a exigência do cumprimento de um sexto da pena por nove votos a um, além de autorizar o trabalho externo para José Dirceu. Depois da decisão do plenário, o ministro Luís Roberto Barroso, que substituiu Barbosa na relatoria do mensalão, restabeleceu os benefícios dos condenados do mensalão.
Condenado no processo do mensalão do PT a 7 anos e 11 meses de prisão pelo crime de corrupção ativa, Dirceu deve começar a trabalhar nesta quinta-feira (3) na biblioteca do escritório do advogado José Gerardo Grossi, que já integrou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme a proposta de emprego aprovada, a jornada será das 8h às 18h e o salário, de R$ 2,1 mil.
Antes, o ex-ministro havia desistido de emprego como gerente administrativo de um hotel de Brasília com salário de R$ 20 mil -reportagem do Jornal Nacional apontou suspeitas de que um laranja fosse dono do estabelecimento.
Os demais presos devem retomar às atividades que exerciam antes de o benefício ser revogado por Joaquim Barbosa.
Condenado a 6 anos e 8 meses por corrupção ativa, Delúbio Soares voltará ao trabalho no assessoramento aos sindicalizados na Central Única dos Trabalhadores (CUT). O salário é de R$ 4 mil a R$ 5 mil para trabalhar das 8h às 18h.
Valdemar Costa Neto, condenado a 7 anos e 10 meses pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, retornará ao trabalho de gerente administrativo de um restaurante industrial nos arredores de Brasília.
Fonte: G1