Dilma e Aécio fazem segundo turno e buscam aliança com Marina

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RIO, BRASÍLIA E SÃO PAULO — A presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves vão protagonizar, a partir desta segunda-feira, a quarta disputa consecutiva entre PT e PSDB no segundo turno de uma sucessão presidencial. E ambos recomeçam a disputa correndo atrás do legado de 22 milhões de votos de Marina Silva (PSB), que pode ser decisivo no dia 26 de outubro. A importância de Marina pode ser medida pelas estrelas destacadas para convencê-la. Pelo PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique vai procurar a candidata para garantir o seu apoio a Aécio. Pelo PT, coordenadores do comitê eleitoral de Dilma defendem que Lula converse com a ex-senadora na tentativa de garantir, pelo menos, sua neutralidade, como na eleição de 2010.

A abertura das urnas confirmou as eleições presidenciais de 2014 como uma das mais disputadas da História recente do país. Com 99,8% dos votos apurados até as 22h33m, Dilma liderava a apuração, com 41,6% dos votos válidos, seguida de Aécio, que chegou aos 33,6% numa virada eletrizante sobre Marina. Mas os 21,3% obtidos pela candidata do PSB são, agora, o patrimônio mais cobiçado por tucanos e petistas. Resta saber se os votos de Marina são iguais aos votos do PSB ou a candidata é maior do que o partido.

Marina faz mistério sobre o caminho a ser tomado, mas deu pistas de que a discussão sobre eventual apoio terá como base o programa de campanha herdado de Eduardo Campos. Em seu discurso neste domingo à noite, a ex-senadora deu sinais de que a condição para fechar uma aliança passaria pela incorporação, por parte de Aécio, de pontos do programa de governo do PSB.

O PSB pode tomar uma decisão sem esperar pela ex-senadora. Dirigentes do partido devem se reunir no início da semana para “tomar o pulso do partido e identificar qual será a tendência majoritária”. A neutralidade, dizem, está descartada.

Aécio, apesar da empolgação com o resultado, entra no segundo turno amargando uma derrota em seu estado natal, Minas Gerais, onde o candidato do PT, Fernando Pimentel, elegeu-se governador no primeiro turno encerrando uma longa hegemonia tucana. Mas o PT também viu o ex-ministro Alexandre Padilha, seu candidato ao governo de São Paulo, maior e mais importante colégio eleitoral do país, terminar a disputa — vencida por Geraldo Alckmin, do PSDB — com um pífio terceiro lugar.

As mágoas provocadas pelos ataques no primeiro turno da disputa e o indisfarçável descompasso entre Dilma e os dirigentes do PSB serão os principais obstáculos a serem superados pelos dois partidos. Dilma passou o último mês e meio de campanha empenhada em desconstruir a imagem da adversária, a quem chegou a acusar de mentir e ter desvio de caráter. Mas Aécio também não foi amistoso com a ex-senadora, atacando-a por não ter deixado o PT quando o mensalão ganhava contornos de escândalo.

Aécio, na entrevista coletiva de domingo, após a confirmação do resultado, fez publicamente uma homenagem póstuma a Eduardo Campos, morto no dia 13 de agosto. No primeiro dia de campanha no segundo turno, o tucano desembarca hoje na capital paulista para reunião com a coordenação da campanha. Alckmin fará a ponte com lideranças do PSB no estado pela proximidade que tem com lideranças do partido. O vice de Alckmin é do PSB, Márcio França (PSB), e o prefeito mais importante do partido no estado é Jonas Donizete (Campinas), também muito próximo do governador.

Numa eventual neutralidade de Marina, a campanha de Aécio espera que, ao menos em São Paulo, o partido marche com ele. Mesmo interesse existe em relação ao PSB de Pernambuco, onde uma declaração de voto da viúva de Campos, Renata, é um desejo de Aécio. No estado, ele teve o seu pior desempenho no país.

Já os petistas vão procurar o presidente do PSB, Roberto Amaral, que foi ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula. Amaral, que será reconduzido à Presidência do partido no dia 13, nunca escondeu a simpatia pelos petistas. Também serão visitados os governadores do Espírito Santo, Renato Casagrande, e da Paraíba, Ricardo Coutinho, além da família Capiberibe, do Amapá. Para além dos eventuais apoios amealhados para o segundo turno, a campanha de Dilma aposta que ela herdará naturalmente uma parcela de votos de Marina. Eles contam com eleitores tradicionais do PT, principalmente da classe C, que estavam com a ex-senadora, e com os eleitores mais à esquerda.

— A Marina é outra espécie, ela é não é do nosso partido, é da Rede. O PSB terá uma posição que não necessariamente será a mesma dela. Se for igual, melhor ainda. Mas ela pode querer fazer como fez em 2010 e o PSB não irá ficar neutro em uma eleição presidencial — afirma um integrante da cúpula socialista.

Embora o vice de Dilma, Michel Temer, seja presidente do PMDB, a candidata petista também terá dificuldade na busca de apoio do partido. Ela não deve poder contar com setores do PMDB que apoiaram Marina no primeiro turno. Isso porque os peemedebistas do Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, que estavam com a candidata do PSB, são oposição ao governo da presidente e têm afinidade com o tucano. No Rio, o grupo peemedebista que apoiou Aécio teve um bom resultado eleitoral e deverá intensificar o movimento Aezão, como ficou conhecida a campanha do tucano no estado.

Antes mesmo da divulgação do resultado, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), aliado de Marina, anunciou neste domingo apoio ao tucano, em texto repleto de críticas ao governo Dilma. “Hoje, o povo brasileiro referendou o caminho de mudança, ao levar o país ao segundo turno das eleições presidenciais. Não podemos titubear e nem nos dividir. (…) Aécio representa a possibilidade real de virarmos a página de um ciclo que se esgotou — socialmente, economicamente e politicamente”, diz texto.

GILBERTO CARVALHO JÁ FAZ CONTATOS COM O PSB

A aposta do PSDB é que as negociações avancem com o coordenador da campanha de Marina, o ex-tucano Walter Feldman, e o vice-governador eleito de São Paulo, na chapa de Alckmin, Márcio França.

— No segundo turno de 2010 , fui com o Feldman, em nome do Serra, falar com o Alfredo Sirkis e com o PV pedir o apoio da Marina. E o argumento que nós dois levamos era justamente de que era preciso a união das oposições para derrotar o petismo no poder. Espero que o Feldman tenha bem presente os argumentos que levamos a Marina, que acabou liberando o PV e ficando neutra. Mas hoje a situação é outra e esperamos que a decisão seja outra — disse Aloysio Nunes, candidato a vice na chapa de Aécio.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) telefonou após a consolidação do resultado para Amaral e pediu apoio do PSB à reeleição. Quanto a Marina, Carvalho afirmou que “naturalmente” dirigentes do PT e da campanha vão procurá-la.

—Claro que vamos procurá-la. Falei com Amaral e ele quer construir um caminho conosco. Mas pediu calma e tempo para conversar com o partido — afirmou.

Fonte: O Globo

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