Após três quedas, dólar chega a disparar quase 3% e bate nos R$ 3,30; Bolsa opera em baixa

RIO — Seguindo tendência global, o dólar opera em alta forte frente ao real nesta quinta-feira após três dias consecutivos de queda. A divisa ganha força com os investidores reajustando as expectativas sobre o aumento de juros nos Estados Unidos, após divulgação na quarta-feira de comunicado Federal Reserve, o banco central americano. O texto mostrou que o Fed prevê demora na recuperação americana e aumento mais moderado das taxas de juros no país, o que levou à depreciação do dólar ontem. Mas o órgão deixou bem claro que os juros vão mesmo subir e retirou a palavra “paciência” de seu discurso sobre a política monetária — assim, apesar do recuo de ontem, os investidores ainda têm motivos para apostar na alta da moeda.

O dólar comercial registrava, às 15h02, valorização de 2,64%, cotado a R$ 3,296 para compra e a R$ 3,298 para venda. Na máxima, porém, já atingiu R$ 3,307, maior valor desde 1º de abril de 2003, há quase 12 anos, quando fechou a R$ 3,31 . A moeda hoje ganha valor frente a 13 das 16 principais moedas do mundo.

— A interpretação do comunicado do Fed ontem foi muito equivocada, a venda de dólares foi muito exagerada. Hoje o mercado está voltando ao normal, tanto que as moedas estão perdendo valor frente ao dólar no mundo todo — afirmou Ítalo Abucater, gerente de câmbio da Icap do Brasil corretora. — A verdade é que não resolvemos nosso problema fiscal ainda, e a tensão política em torno dele deixa nossa volatilidade ainda maior. Com isso, o volume no mercado de câmbio tem sido pequeno, levando a oscilações mais bruscas como reação a negócios relativamente pequenos.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por sua vez, opera em queda, com o índice de referência Ibovespa recuando 1,24%, aos 50.886 pontos.

Em uma pesquisa do GLOBO com casas de câmbio na tarde desta quinta-feira, o dólar turismo em papel-moeda variava de R$ 3,43 a R$ 3,51, sendo o valor mais barato na Ultramar e a cotação mais cara na Corretora Cotação. O valor da divisa americana no cartão pré-pago também saia mais em conta na Ultramar, que o vendia a R$ 3,65 enquanto que o valor mais alto era oferecido pela Western Union, que o comercializava a R$ 3,72.

PETROBRAS E BANCOS PUXAM QUEDA NA BOLSA

No mercado acionário, a Bovespa apresenta leve queda, acompanhando os mercados globais. A desvalorização dos papéis também representa uma pequena realização de lucros, uma vez que as ações do Ibovespa acumularam 6% desde segunda-feira. A Petrobras tem queda de 3,55% (ação ordinária, com direito a voto) e 3,96% (preferencial, sem voto). O dia é negativo para petrolíferas mundo afora, com a cotação do barril do petróleo do tipo Brent caindo 3,34%, a US$ 54,04.

Os bancos também têm desempenho negativo. O Banco do Brasil recua 4,40%, o Bradesco tem baixa de 2,46% e o Itaú Unibanco perde 1,28%.

As ações do setor de educação também passaram a cair, depois de uma manhã de ganhos. Os investidores avaliam como positiva a demissão, ontem à noite, do ministro da Educação, Cid Gomes. Ele é tido como responsável pelas mudanças de regras este ano do Financiamento Estudantil, o Fies, programa que proporciona fatia importante dos alunos matriculados nas universidades privadas no país.

A alteração nas regras, que incluiu exigências de nota mínima pelos estudantes no Exame Nacional no Ensino Médio (Enem), provocou desvalorização nos papéis das companhias nos últimos meses. A Estácio tem queda de 1,79%, enquanto a Kroton registra valorização de 3,90%. A Anima recua 1,85%, e a Ser Educacional tem variação negativa de 1,66%.

Na Europa, as Bolsas operam em leve queda. O índice de referência Euro Stoxx está praticamente estável, com leve alta de 0,06%, enquanto a Bolsa de Londres registra valorização de 0,25%. Em Paris, a Bolsa tem variação positiva de 0,07%. Em Frankfurt, o recuo é de 0,20%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones cai 0,67% e o S&P 500 tem desvalorização de 0,45%.

FED SE MOSTRA CAUTELOSO MAS SEGUE DISPOSTO A SUBIR JUROS

Na quarta-feira, o comunicado do Fed reduziu as expectativas dos investidores sobre um aumento de juros nos EUA, evento que tende a fortalecer o dólar. A moeda recuou 0,55% ante o real, R$ 3,211 na compra e a R$ 3,213 na venda. O enfraquecimento da divisa foi global: contra o euro, ela registrou a maior desvalorização diária desde março de 2009.

Na nota oficial, o Fed diminuiu sua expectativa de crescimento da economia americana e reduziu a previsão para taxas de juros e para a inflação no longo prazo. Mas, ao mesmo tempo, o Fed deixou a porta aberta para a possibilidade de elevar os juros básicos do país, e analistas apostam em elevação já em junho. A autoridade monetária suprimiu a palavra “paciente” ao se referir à espera pela melhora dos indicadores econômicos do país.

Ao retirar a palavra, o Fed marca um afastamento de sua orientação explícita sobre o caminho da política a ser adotada no futuro, conforme utilizou desde o fim de 2008 para manter os custos de financiamento baixos por um prazo mais longo. Agora, o Fed decidirá a cada encontro o que fará, com base nos dados econômicos, tornando suas ações menos previsíveis.

Mas a presidente da instituição, Janet Yellen, afirmou que a falta da palavra não aponta para uma alteração brusca no comportamento do Fed:

— A modificação da nossa orientação não deve ser interpretada como significando que nós decidimos sobre quando será feito o aumento. Em outras palavras, apenas porque removemos a palavra “paciente” do comunicado não significa que nós vamos ser impacientes.

Segundo o comunicado, as taxas só vão subir, segundo o Fed, quando houver melhorias no mercado de trabalho e quando houver a confiança de que a inflação retornará à meta de 2% no médio prazo. Ainda segundo o Fed, é improvável que isso ocorra na reunião de abril. A previsão para o PIB de 2,6% a 3% em dezembro foi revisada, com o Fed esperando um crescimento de 2,3% a 2,7% no último trimestre de 2015.

Fonte: O Globo

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