Após denúncias, Bethlem confirma que vai desistir de candidatura no RJ

rodrigobethlem

Deputado Federal é alvo de denúncias de corrupção na Prefeitura do Rio.
‘Declaro que vou encaminhar ao partido a retirada da minha candidatura’.

O deputado federal Rodrigo Bethlem, do PMDB, alvo de denúncias de corrupção na Prefeitura do Rio, confirmou nesta quinta-feira (31) que vai retirar sua candidatura à reeleição na Câmara dos Deputados. Em nota, Bethlem disse: “Diante dos recentes acontecimentos envolvendo o meu nome e pela necessidade de cuidar da minha família e preparar a minha defesa, declaro que vou encaminhar ao partido a retirada da minha candidatura para o pleito de 2014.”

Na quarta-feira (30), o governador Luiz Fernando Pezão falou sobre a situação do deputado federal. “Estou sabendo que ele chamou diversas pessoas que estavam fazendo dobradinha com ele, já comunicou diversas pessoas que ele não será candidato”, afirmou o governador.

Ex-mulher gravou conversa

A Revista Época teve acesso a gravações feitas pela empresária Vanessa Felippe, ex-mulher de Bethlem, em que o deputado diz receber, na época em que foi secretário municipal no Rio, dinheiro proveniente de convênios firmados pela prefeitura com ONGs.

Durante uma negociação de pensão com a ex-mulher gravada em 2011, ele afirma ter uma receita de R$ 100 mil. Segundo a revista, na época ele recebia cerca de R$ 18 mil de salário líquido.

Confira um trecho da conversa em que os dois tiveram em novembro de 2011:
Vanessa – Por que você está falando baixo? Não tem ninguém aqui.
Bethlem – ham?
Vanessa – Fala baixo por quê?
Betlhem – Porque eu simplesmente estou paranóico com isso. Só isso…
Vanessa – Paranóico por quê?
Bethlem – Telefone… (ininteligível)
Vanessa – Paranóico por quê?
Bethlem – Telefone. Você não sabe que esses caras entram no telefone e vira um alto-falante?
Vanessa – E você tem motivo para estar paranóico?
Bethlem – Como todo mundo. Você acha que alguém vai te denunciar amanhã por quê? Você acha que o (ininteligível) está atrás de mim, por quê?
Vanessa – Por quê?
Bethlem – Porque eu sou alvo, Vanessa.

Os dois estavam se separando e discutiam o valor da pensão que ele pagaria a ela. Em outro trecho, Rodrigo Bethlem diz que pretende oferecer R$ 45 mil de pensão à ex-mulher:

Bethlem –  Eu pretendo me desligar da secretaria. Estou tendo ver se consigo me… me ajustar um pouco financeiramente. Eu pretendo me desligar da secretaria em abril ou maio. Aproveitar (…) fico mais livre pra campanha, sou mais útil agora livre e coisa e tal e efetivamente começar a me reposicionar. Se eu não fizer isso não vou fazer… a política (…) cada vez é maior. Então, é. (…). A minha intenção era deixar com você por mês R$ 45 mil.

Em outro momento da conversa, Vanessa quer saber qual a renda mensal de Rodrigo Bethlem:

Vanessa –  E quanto dá isso…. E quanto dá isso por mês?
Bethlem – Eu tenho… eu tenho de receita é cerca de R$ 100 mil por mês. É o que eu tenho tudo junto.

O deputado federal explica à ex-mulher que a principal fonte de renda vinha de um contrato da Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio de um convênio para cadastrar famílias de baixa renda.

Bethlem – É um convênio que eu tenho, cadastro único.
Vanessa – Hã, o que que tem isso?
Bethlem – É minha principal fonte de renda hoje. O cara não prestou conta direito, o cara é um idiota, um imbecil. Não pude pagar o cara este mês, não recebi. Tava prestando conta, prestou agora, enfim. Também é uma receita que eu tenho até… certa até fevereiro, até março, porque é um convênio de sete meses. É…outra coisa que eu quero te dizer é o seguinte…
Vanessa – E quanto dá isso…. E quanto dá isso por mês?
Bethlem – Eu tenho… eu tenho de receita é cerca de R$ 100 mil por mês. É o que eu tenho tudo junto.
Vanessa – Quanto dá CadÚnico por mês?
Bethlem – Em torno de uns R$ 65, R$ 70 mil. Depende do que ele receber, entendeu? Se tiver alguma glosa. Se ele prestar contas, se não tiver executado todo o serviço, tem uma glosa. Fora isso, tem o lanche e meu salário.
Vanessa – Lanche? Que lanche?
Bethlem – O lanche que é servido pro… O cara que vende lanche para todas as ONGs é meu amigo.
Vanessa – Ah, achei que era lanche mesmo… E quanto é de lanche?
Bethlem – Em torno de R$ 15 mil, hoje. O cara tá vendendo metade do que deveria vender
Vanessa – Até quando?
Bethlem – Claro, até quando existir o convênio

A revista Época apurou que, com dispensa de licitação e pelo período de sete meses, o então secretário Bethlem contratou, em agosto de 2011, a ONG Casa Espírita Tesloo, para cadastrar famílias de baixa renda, pelo valor de R$ 9,68 milhões. A ONG é comandada pelo major reformado da Polícia Militar Sérgio Pereira de Magalhães e alvo de investigações sobre desvio de dinheiro em convênios com a Prefeitura do Rio – incluindo o assinado por Bethlem, que, atualmente em análise no Tribunal de Contas do Município (TCM).

Conta aberta na Suíça
No fim da conversa, o então secretário municipal de Governo diz que a ex-mulher, num momento de raiva, teria cobrado metade da renda mensal que ele ganhava – por bem ou por mal – e menciona a existência de uma conta na Suíça:

Vanessa – Eu disse isso?
Bethlem – Disse e “vai ter que colocar no papel”. Eu falei: “Vanessa, no papel eu não vou colocar porque não há condições de colocar isso no papel. Eu assinar isso significa que vou fazer a confissão de um crime, que eu não vou fazer nunca”. Aí você virou e falou o seguinte: “Não, você vai assinar o papel, você sabe por quê?… porque eu tenho certeza, crime por crime, eu tenho certeza que muita gente ia gostar de saber que você tem uma conta na Suíça”.
Vanessa – Rodrigo, como é que eu posso ter dito uma coisa dessas. Eu não teria nem como provar que você tem uma conta na Suíça.
Bethlem – Então, Vanessa, eu tive… eu tive uma ilusão…
Vanessa – Só um minutinho…
Bethlem – Então, Vanessa…
Vanessa – O que que eu, Vanessa, sei de conta na Suíça, pra provar que você tem uma conta na Suiça? Me diga.
Bethlem – Você está careca de saber que fui à Suíça para abrir uma conta lá.
Vanessa – Não, só me diga uma coisa…
Bethlem – Não seja hipócrita…

Ter conta na Suíça não é crime, mas é preciso informar à Receita Federal. De acordo com a revista Época, o deputado Rodrigo Bethlem não citou a conta na Suíça nas declarações de bens que apresentou à Justiça Eleitoral em 2006, 2010 e agora, em 2014, quando disputa a reeleição.

A revista também teve acesso a vídeos feitos por Vanessa Felippe, em que ela aparece recebendo dinheiro da pensão paga pelo deputado federal. A empresária diz que a pensão, no valor de R$ 20 mil, começou a ser paga em 2012 e sempre em dinheiro. Quem entregava o pacote era José Carlos de Oliveira Franco, secretário parlamentar nomeado para o gabinete de Rodrigo Bethlem.

A pedido da revista, o perito Ricardo Molina analisou a gravação em áudio e também os vídeos. O perito disse que todos são autênticos e que não há indícios de manipulação fraudulenta.

Deputado nega desvio de verbas
Após a reportagem de Época falar com Bethlem sobre a gravação, o advogado Jorge Vacite apresentou uma declaração assinada por Vanessa Felippe e um atestado médico. Os documentos têm data de 23 de julho, um dia após a entrevista de Bethlem à Época. Foi a própria assessoria do deputado que informou sobre os papéis. Na declaração, Vanessa diz sofrer de problemas psiquiátricos e afirma que os documentos que entregou à reportagem estão fora de contexto. Ela esteve duas vezes no escritório da revista, no mês de junho, entregou as gravações e detalhou minuciosamente o conteúdo do material.

Na sexta-feira (25), o deputado federal divulgou nota oficial afirmando que as denúncias feitas pela ex-mulher Vanessa Felippe são mentirosas e que Vanessa assinou um documento em cartório, em que se dizia arrependida. Rodrigo Bethlem afirmou ainda que a ex-mulher sofre de problemas psiquiátricos e que ela chegou a tentar suicídio por três vezes – a última delas, havia poucos dias.

A Prefeitura do Rio também se manifestou em nota, declarando que, após tomar conhecimento das denúncias, decidiu investigar os contratos referentes à época em que Rodrigo Bethlem ocupava o cargo de secretário municipal de Assistência Social. A prefeitura informou que não possui mais convênio com a ONG Casa Espírita Tesloo e que, apesar de o deputado não ocupar mais nenhum cargo no município, espera que ele preste esclarecimentos sobre as denúncias.

Fonte: G1

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