SÃO PAULO — A advogada Beatriz Catta Preta, uma das maiores especialistas em delação premiada do país, está abandonando a causa de seus principais clientes na Operação Lava-Jato. Nesta segunda-feira, ela comunicou o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal do Paraná, que estava deixando de atender os réus Augusto Ribeiro Mendonça Neto e Pedro José Barusco Filho. Na quinta-feira da semana passada, ela já havia deixado de atender o delator Júlio Camargo. Catta Preta não informa ao juiz a razão de sua decisão.
No mesmo ofício enviado ao juiz comunicando sua decisão, Catta Preta anexa e-mails enviados aos clientes dizendo que eles terão dez dias para constituir novos procuradores, mas diz que nesse prazo continuará a representá-los em “ações e procedimentos em andamento, exceto perante a CPI, Cade, CGU, Receita Federal, dentre outros”.
Na semana passada, ela deixou de ser advogada de Júlio Camargo, depois que o empresário fez longo depoimento ao juiz Sérgio Moro denunciando que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu, em 2011, US$ 5 milhões em propinas da aquisição de dois navios-sonda da Samsung nos anos de 2006 e 2007. Outros US$ 5 milhões foram para Fernando Soares, o Fernando Baiano, operador do PMDB junto à área internacional da Petrobras.
Nesse negócio, no valor de US$ 1,2 bilhão, Camargo diz ter recebido comissões de US$ 53 milhões, dos quais US$ 40 milhões foram direcionados como propinas a políticos e diretores da Petrobras. Segundo Camargo, também o diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, recebeu propinas no exterior, repassadas por Fernando Baiano.
Depois desse depoimento, Júlio Camargo anunciou que seu novo advogado seria Antonio Figueiredo Basto, o mesmo que representa o doleiro Alberto Youssef. Já Barusco e Augusto Mendonça ainda não anunciaram os novos advogados.
Procurada pelo seu escritório, Catta Preta não foi localizada. A informação é a de que ela está viajando.
Fonte: O Globo