Palácio Monroe. Por que foi demolido?

monroe21As novas gerações de cariocas não o conhecerem e a maioria  sequer ouviu falar dele. Já se passaram mais de trinta anos desde a demolição do Palácio Monroe.  Os motivos razoáveis desta demolição permanecem inexplicados. Mas sabe-se que o edifício foi vítima do preconceito cultural e do autoritarismo, que infelizmente orientam a maior parte das decisões dos  nossos políticos.

O edifício foi projetado pelo o arquiteto e engenheiro militar Francisco Marcelino de Souza Aguiar para a Exposição Internacional de  Saint Louis, em 1904 e o prêmio que recebeu naquela ocasião, medalha de ouro no Grande Prêmio Mundial de Arquitetura, constitui-se na primeira consagração internacional da arquitetura brasileira . Terminada a exposição, o Palácio foi reconstruído no Rio de Janeiro, sendo este o primeiro edifício oficial inaugurado na Avenida Central, em 1906.

O nome do palácio,  sugestão do Barão do Rio Branco,  Ministro das Relações Exteriores,  homenageava o Presidente americano James Monroe, criador do Pan-Americanismo. O edifício foi utilizado então para exposições até 1914 .

Após algumas reformas passou a abrigar a Câmara de Deputados, que ali  permaneceu até 1922. De 1925 a 1930 foi ocupado pelo Senado Federal. A Revolução de 1930 que dissolveu o Senado, e encerrou um ciclo da política brasileira também encerrou esta etapa da vida do edifício. De 1945 a 1946 foi sede do Tribunal Superior Eleitoral. Com a mudança do governo Federal para Brasília, passou a ser uma representação do Senado nesta cidade. Durante o regime Militar foi sede do Estado Maior das Forças Armadas.

Por volta de 1970  juntamente com outros edifícios da Avenida Rio Branco, teve o pedido de tombamento federal negado pelo IPHAN. A falta deste aval federal para sua preservação levaria a uma verdadeira batalha em 1976.

Com as obras do metrô, é pedida sua demolição, apoiada por baluartes da arquitetura moderna como Lúcio Costa, e pelo Jornal “O GLOBO”, que o atacava insistentemente nos seus  editoriais.

Por outro lado, o IAB e o Clube de Engenharia, através do Jornal do Brasil, tentavam de todas as maneiras preservar o edifício. Contudo, nem mesmo alterações no traçado do metrô foram suficientes para salvar o Palácio, que viria a ser demolido no mesmo ano.

A segunda sede do Senado

O edifício foi construído em para ser o Pavilhão do Brasil na Exposição de Saint-Louis, de 30 de abril a 1º de dezembro de 1904 (comemoração do centenário de integração do Estado de Louisiana aos EUA), durante o regime republicano do Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves, com o intuito de firmar o Brasil perante o mundo, que vivia a euforia da Belle Époque.

O autor, Coronel e Engenheiro Francisco Marcelino de Souza Aguiar, desenhou o palácio usando uma estrutura metálica, capaz de ser totalmente desmontada e re-aproveitada no Brasil, conforme determinação do edital.

A imprensa americana não lhe poupou elogios, destacando-o pela beleza, harmonia das linhas e qualidade do espaço, condecorando-o com o maior prêmio de arquitetura da época.

Os elementos de composição inscrevem-se na linguagem geral do ecletismo, num estilo neobarroco. A arquitetura eclética marcou uma época de transição na arquitetura entre o barroco de influência portuguesa e a nova tendência mundial do final do século XIX e início do século XX, de influência francêsa. Em 1906, o Monroe, foi remontado no Brasil, com 1700 m² de área construída, para sediar a 3ª Conferência Pan-Americana”.

A demolição

A campanha para a demolição do Palácio começou em 04/07/1974, pelo jornal “O Globo”, alegando que atrapalhava o trânsito e a construção do metrô, qualificando-o como uma mera cópia, desprovida de qualquer valor artístico. O jornal apresentou diversos pareceres favoráveis à demolição.

O Palácio, que fora motivo de orgulho nacional, passou a ser chamado de monstrengo do passeio público, e lhe foi negada qualquer  importância histórica. O local passou a ser desejado pela iniciativa privada, para a construção de um edifício garagem, mas a proposta de uma grande praça para a estação do metrô da Cinelândia, rodeada de áreas verdes, ganhou adeptos. O Senador Magalhães Pinto, Presidente do Senado, pressionado pela opinião pública e pelos ataques do jornal “O Globo”, dispôs-se a desocupar definitivamente o prédio.

Em 11 de outubro de 1975, o Presidente Ernesto Geisel, sobre quem também pesa a acusação de uma rixa pessoal com o autor do projeto, autorizou o Patrimônio da União a providenciar a demolição do Palácio Monroe. Dizia-se que o presidente  cultivava uma desavença  contra o filho do projetista do palácio, seu colega de farda.

Não se alegue qualquer responsabilidade ao  Metro, que modificou o traçado das linhas e alocou equipes dedicadas exclusivamente a zelar pela estabilidade do prédio. O palácio foi ao chão por outros motivos. Uma das coisas mais lamentadas foi a chancela de Lúcio Costa, a qual vários arquitetos nunca perdoaram. Estiveram contra a demolição o IAB, o Jornal do Brasil e quase todos os Cariocas, que não foram ouvidos, o que não se constituia em um fato novo. A verdade é que o edifício, assim como o Teatro Municipal, o Palácio Pedro Ernesto, o Museu de Belas Artes, e Biblioteca Nacional, todos no centro monumental do Rio, era uma grande testemunha do que fora o Ecletismo arquitetônico no Brasil e desagradava aos arquitetos modernistas, então a voz mais forte do IPHAN. Até hoje se lamenta a truculência, irresponsabilidade e inconsequência com que gerido todo este processo.

 

Fonte: coisasdaarquitetura

Deixe uma Resposta.

Time limit is exhausted. Please reload the CAPTCHA.

Horário de Atendimento

Segunda à Sexta
09:00 às 12:00
13:00 às 17:00
Tel: (21) 3903-7602 / (21) 99585-5608
E-mail: comercial@recortesrio.com.br

Parceiros

Formas de Pagamento

– Boleto Bancário
– Transferência Eletrônica
– Depósito
– Cartão de Crédito (ver condições)