RIO – Os advogados de Elisa Quadros, conhecida como Sininho, de Igor Mendes da Silva e de Karlayne Pinheiro, a Moa, entraram com pedido de habeas corpus nesta quinta-feira contra os mandados de prisão preventiva expedidos nesta quarta-feira pelo juiz da 27ª Vara Criminal da Capital, Flavio Itabaiana. O pedido será avaliado pelo desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Rio de Janeiro. Na noite desta quinta-feira, cerca de 80 pessoas fizeram um protesto na Avenida Rio Branco, no Centro, contra a decisão da Justiça.
A prisão foi decretada porque, segundo o juiz, os três ativistas desobedeceram medidas cautelares impostas por um habeas corpus concedido em agosto pela 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que proibiam que eles participassem de manifestações. Ainda assim, de acordo com a investigação da Polícia Civil, no dia 15 de outubro, os réus estiveram em um protesto na Cinelândia, em frente à Câmara de Vereadores. Policiais da Delegacia de Repressão à Crimes de Informática (DRCI) estão fazendo buscas para tentar encontrar as ativistas, que se encontram foragidas. Igor Mendes da Silva foi preso e já está no presídio de segurança máxima de Gericinó, em Bangu.
Os advogados dos ativistas afirmam que a decretação da prisão foi desproporcional, já que, segundo a advogada Raphaela Lopes, do Instituto de Defensores de Direitos Humanos, que cuida do caso de Karlayne, outras medidas de cerceamento da liberdade dos ativistas viriam antes da privação total caracterizada pela prisão.
— Mesmo que tenha existido descumprimento da medida cautelar, o que não foi comprovado, a prisão é uma medida extrema do judiciário para restringir manifestações dos ativistas. A medida é desproporcional, porque a prisão agora seria uma pena pior do que o regime semi-aberto que os acusados receberiam se condenados no final do julgamento — afirmou a advogada, informando ainda que a presença dos ativistas na manifestação do dia 15 não seria o suficiente para acusá-los de perturbação da ordem pública.
Na quarta-feira, antes de saber da decretação de sua prisão, Sininho postou em sua página no site de relacionamento Facebook que estava sendo perseguida. Sininho, Karlayne e Igor, e outros 20 denunciados respondem pelo crime de formação de quadrilha armada.
Quando deixou o presídio em Gericinó, no dia 24 de julho deste ano, Sininho e outros ativistas agrediram jornalistas. Ela estava presa juntamente com Camila Jourdan, coordenadora do programa de pós-graduação em filosofia da Uerj, e Igor D’Icarahy no complexo penitenciário. Na ocasião, cerca de 30 manifestantes que aguardavam do lado de fora atacaram repórteres que cobriam a saída dos ativistas. Houve reação, e uma briga generalizada tomou conta da rua em frente ao presídio. A situação só se acalmou quando os três acusados foram embora.
Na mesma noite em que deixou a prisão, Sininho voltou a se envolver num caso de polícia. Ela e uma amiga, identificada como Camila, que seria advogada, foram acusadas de terem agredido fisicamente Joia Sangenis, de 58 anos. A confusão aconteceu quando um grupo, em que estava Sininho, comemorava a libertação num restaurante na Cinelândia. Joia, que registrou queixa de lesão corporal na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), no Centro, contou que, ao chegar ao local foi acusada de delatora, o que deu início, de acordo com ela, a agressões.
Fonte: O Globo